quinta-feira, agosto 22
Há coisas que criam manifestações dentro de nós, gritos de revolta, gritos de liberdade, que nos impelem num dado momento a levantar, sair do conforto e lutar.
Curiosamente, algumas dessas coisas já trazem em si um certo sentimento de descontentamento ou de libertação - pelas mesmas ou díspares razões.
Outras vezes, elas são recordadas de uma forma diferente, num outro tom, com outras imagens, em lugares distantes entre si, ou mesmo afastados no tempo.
Mas mesmo que esse grito se manifeste em nós por sugestão externa ou inspiração própria, o que importa é a viagem pela qual ele nos leva e que nos guia por novas ideias, nos motiva e incentiva abrir novos caminhos no nosso horizonte pessoal. Ainda que esses trilhos sejam apenas pequenos vislumbres presos nos quadros da imaginação, são eles que dão, de quando em vez, o impulso necessário para vencer pequenas barreiras, avançar com pequenos projectos, trazer para realidade pequenas acções.
Os arranjos desta música despertam os sonhos adormecidos desses projectos passados e toda a orquestra salienta a envolvência desses sons que, mais do que saudades, contêm a grandeza de muitas VIVências.
segunda-feira, dezembro 24
O mesmo Deus.
Hoje, no Telejornal da tarde perguntavam a um indiano:
- Então, disse-me que ía a Fátima agora no dia de Natal...
- Sim, gosto de lá ir.
- Mas não é católico, o que pode significar para si?
- Deus é igual para todos.
domingo, dezembro 11
Alegria da Chegada
Hoje é o dia da alegria.
É como que um test drive para algo que vai acontecer em breve e que a alegria (mesmo na sua simplicidade) será um sentimento pouco abrangente para traduzir toda a experiência a que ele conduz.
Assim, às portas do Natal, aquela altura em que andamos com o muita paz e amor sempre na boca, seria importante que, em vez de publicitários dessa mensagem, fossemos, de facto, guias desse clima pacificador e dessa caridade amorosa que dizemos levar mas que muitas vezes traz uma série de letrinhas pequeninas ilegíveis entre os dentes.
Descobrir esta alegria significa, também, fazer uma descoberta pessoal desse clima de paz e dessa sintonia caritativa dentro de nós. Implica parar - até porque este tempo, que também se diz ser da família, se por um lado, pode implicar um ritmo acelerado nos preparativos para ele, implica também estar com as pessoas, fazer pausas para deixar fluir o inesperado da conversa, da revelação, do reencontro... Implica, também, pensar - quando se pára é quase inevitável esse processo mental (por isso, também, muitas vezes não gostamos nada de parar para evitar esse 'incómodo' de pensar) e só se analisa profundamente o nosso sistema se se pensar nos processos que estão a correr, avaliar as interacções entre eles e o que lhes é externo: os outros.
Só depois disto seremos capazes, ou (ainda) não, de ser guias dessa mensagem universal que o Natal desvenda a todos: a paz e o amor.
Por isso, páre, pense, o Natal está aí a chegar.
quinta-feira, fevereiro 24
És como o Mar
És como o mar porque me despertas os sentidos com teu odor
Como que uma maresia trazida pelo vento
Quem me enfeitiça e me embala para ti.
És como o mar para quem corro de braços estendidos,
Na espuma dos teus olhos em meu encalço,
Cobrindo os meus, com teus cabelos
De algas que se enrolam no meu querer.
És como o mar que me envolve completamente
Nos seus braços de água
Que me acariciam e a refrescam
Do suor que o teu desejo tem de me molhar.
E me deixa o sabor a sal dos teus lábios.
És como o mar.... Ai, impossível de todo o abraçar
Que por mais que se me possa estender
Perde-se de vista a delícia de se ser abraçado
És como o mar...
Muito mais do que se vê...
Muito mais do que se sente...
Infinitamente...
O meu Mar!
terça-feira, fevereiro 1
Amigos para sempre
Há pessoas que nos ficam eternamente gravadas na nossa vida. São como dizia a Mafalda no Coliseu "marcas que nós deixamos uns nos outros, que eu acho que são um espécie de tatuagens de outra maneira" mas gravadas do lado de dentro da nossa pele, pois não são facilmente visíveis, muito mais difíceis de remover e só nós sabemos que elas existem e como são. Lembro-me muitas vezes dessas pessoas e, apesar de não saberem, é como se me acompanhassem desde sempre. Sim, desde sempre... porque não correspondem apenas a uma fase da minha vida mas estiveram, estão e eu sinto-as sempre presentes "Friends for life not just a summer or a spring - Amigos para siempre"
Insisto em mantê-las por perto (ainda que interiormente - era muito bom que elas sentissem também essa proximidade telepática) pois significam um enorme crescimento - creio que mútuo. Não são apenas as memórias (de tanta, tanta coisa) mas o que o tempo que passámos juntos influenciou a minha vida.
Não é que não me tivesse lembrado de escrever isto há mais tempo... Mas não havia qualquer coisa que me provocasse, algo que fosse incontornável, algo que me inspirasse a fazê-lo e a música do Tim veio despoletar isto tudo...
A essas pessoas, (poucas mas admiráveis) que merecem mais do que o agradecimento... merecem toda a minha amizade... sempre...
Insisto em mantê-las por perto (ainda que interiormente - era muito bom que elas sentissem também essa proximidade telepática) pois significam um enorme crescimento - creio que mútuo. Não são apenas as memórias (de tanta, tanta coisa) mas o que o tempo que passámos juntos influenciou a minha vida.
Não é que não me tivesse lembrado de escrever isto há mais tempo... Mas não havia qualquer coisa que me provocasse, algo que fosse incontornável, algo que me inspirasse a fazê-lo e a música do Tim veio despoletar isto tudo...
A essas pessoas, (poucas mas admiráveis) que merecem mais do que o agradecimento... merecem toda a minha amizade... sempre...
sábado, novembro 20
Tão simplesmente
Ama-me por Amor somente
"Ama-me por amor somente.
Não digas: "Amo-a pelo seu olhar,
o seu sorriso, o modo de falar
honesto e brando. Amo-a porque se sente
minh'alma em comunhão constantemente
com a sua".
Porque pode mudar
isso tudo, em si mesmo, ao perpassar
do tempo, ou para ti unicamente.
Nem me ames pelo pranto que a bondade
de tuas mãos enxuga, pois se em mim
secar, por teu conforto, esta vontade
de chorar, teu amor pode ter fim!
Ama-me por amor do amor, e assim
me hás de querer por toda a eternidade."
Beata Teresa de Calcutá
quinta-feira, novembro 11
(Go) Shopping
Em época de crise, amealhar alguns trocos e preocuparmo-nos com isso será certamente uma opção sensata. Talvez seja nessas alturas em que a tentação de gastar mais se faz sentir... sobretudo quando a tentação tem qualidade... Mas, mesmo tendo presente uma visão economicista, não quer dizer que não se preze a qualidade e aquilo que é bom... Se o é, de facto, não sei... mas que aparenta... isso, sem dúvida. E, simplesmente, foi um recanto que me encantou...
Ver mapa maior
sexta-feira, outubro 8
Troncos no Rio
De vez em quando, quando vemos que os alvoroços da vida precisam de agarrar um ramo da margem... um ramo não... um tronco... para, pelo menos, descansar ou deixar aliviar corrente, estendemos a mão a uma ou outra oportunidade (o tal tronco) que, ligeiramente acima do nível da nossa viagem, pede mesmo que a agarremos.
Tive oportunidade de o fazer duas vezes num formato que, sem ser completamente transfigurador, é suficientemente regenerador para me garantir alento para mais umas braçadas ao longo do meu rio.
Vale acima de tudo pelo esforço pessoal de procurar na mensagem que se está a receber o que de facto está em falta no dia a dia de cada um. Não se pode ficar preso aos pormenores logísticos, porque no rio, quando tentamos descansar amarrados a um ramo, não estamos a pensar que a água está fria ou que o ramo está muito alto... simplesmente aproveitamos a oportunidade do descanso.
Infelizmente, ultimamente, ou porque só tenho conhecimento em cima do acontecimento (e assim aconteceu este fim de semana que passou), ou então mesmo só depois (os amigos são assim... :s ), tenho deixado passar estes ramos e troncos que têm aparecido. Espero poder estar mais atento às margens.
Se encontrarem um, não percam a oportunidade... não temos de estar sempre a ser levados pela torrente...
Tive oportunidade de o fazer duas vezes num formato que, sem ser completamente transfigurador, é suficientemente regenerador para me garantir alento para mais umas braçadas ao longo do meu rio.
Vale acima de tudo pelo esforço pessoal de procurar na mensagem que se está a receber o que de facto está em falta no dia a dia de cada um. Não se pode ficar preso aos pormenores logísticos, porque no rio, quando tentamos descansar amarrados a um ramo, não estamos a pensar que a água está fria ou que o ramo está muito alto... simplesmente aproveitamos a oportunidade do descanso.
Infelizmente, ultimamente, ou porque só tenho conhecimento em cima do acontecimento (e assim aconteceu este fim de semana que passou), ou então mesmo só depois (os amigos são assim... :s ), tenho deixado passar estes ramos e troncos que têm aparecido. Espero poder estar mais atento às margens.
Se encontrarem um, não percam a oportunidade... não temos de estar sempre a ser levados pela torrente...
photo: Florida State Parks
sábado, agosto 7
Voltei para o Sol
Entrei por acaso... É que, de facto, não sei porque entrei pois poderia tê-lo feito noutra altura, num outro lugar, e nessa altura algo me deteve... Mas agora quase que entrei como se tivesse sido chamado...
Ele estava lá, bem como outros (poucos) mas o silêncio de se ESTAR era a mais forte presença sentida.
Fiquei, por alguns momentos, sentindo o acolhimento da iluminação do espaço pelo contraste entre a luz artificial e a luz natural e entendendo que, qualquer que seja a natureza da luz, ela existe dentro de nós mesmos e só por ela poderemos distinguir e chegar aos outros. Se, em nós, essa luz não for encontrada tudo o mais se manifestará cinzento e sombrio ao nosso olhar.
Nessa hora poderemos saborear como a inteligência humana esclarecida e iluminada pode de texturas, superfícies, planos monocoloridos, cenários envolventes e aconchegados, planos da beleza do contraste, da co-presença das formas, da magia das imagens, azer palavras, mensagens que nos são passadas ou despertadas.
Ele continuou a iluminar quem por lá ia passando e eu voltei para o Sol.
Ele estava lá, bem como outros (poucos) mas o silêncio de se ESTAR era a mais forte presença sentida.
Fiquei, por alguns momentos, sentindo o acolhimento da iluminação do espaço pelo contraste entre a luz artificial e a luz natural e entendendo que, qualquer que seja a natureza da luz, ela existe dentro de nós mesmos e só por ela poderemos distinguir e chegar aos outros. Se, em nós, essa luz não for encontrada tudo o mais se manifestará cinzento e sombrio ao nosso olhar.
Nessa hora poderemos saborear como a inteligência humana esclarecida e iluminada pode de texturas, superfícies, planos monocoloridos, cenários envolventes e aconchegados, planos da beleza do contraste, da co-presença das formas, da magia das imagens, azer palavras, mensagens que nos são passadas ou despertadas.
Ele continuou a iluminar quem por lá ia passando e eu voltei para o Sol.
@Santiago
quinta-feira, julho 8
Coisas de capuz
Relembro estas palavras - não necessariamente estas exactas ou mesmo a origem; apenas a ideia -, umas vezes conscientemente, outras vezes nem tanto, e, regularmente, tentando que outros as possam e se esforcem por interiorizá-las. Obviamente que estas, em concreto, são sábias na simplicidade da forma com que expressam a ideia e estão reforçadas de verdade pela coerência de vida de quem as expressou.
Acho que elas dizem tudo sobre o nosso esforço pessoal em tentarmos a perfeição da dádiva aos outros, do amor universal, do desprendimento de nós próprios.
Mas, quando as ouvi há pouco, senti como elas se têm aplicado sempre e sobretudo a mim... Isto é, apesar de as ver perspectivadas mais nos outros, a lembrança delas só prova que elas se mantém ainda presentes no meu caminho, que elas se mantém pertinentes no meu esforço diário de lhes ser fiel. Por muito que nos esforcemos por as cumprir com sucesso, há sempre algo que podemos melhorar. No fundo, na nossa natural imperfeição humana estas palavras encontram sempre validade.
Poder-se-ia dizer que seria então frustrante esse esforço, mas na realidade, ao evoluirmos na verdadeira interiorização da mensagem e, consequentemente, nos resultados que ela implica nos outros ao por-mo-la em prática, o testemunho poderá gerar uma onda de reacção naqueles a quem chegamos e tudo (muito mais do que somente nós) estará muito mais perto dessa perfeição aparentemente inalcansável. É um esforço que resulta na santidade de não desistir, esse meio caminho que nos leva à eternidade... à plenitude de VIVer.
Acho que elas dizem tudo sobre o nosso esforço pessoal em tentarmos a perfeição da dádiva aos outros, do amor universal, do desprendimento de nós próprios.
Mas, quando as ouvi há pouco, senti como elas se têm aplicado sempre e sobretudo a mim... Isto é, apesar de as ver perspectivadas mais nos outros, a lembrança delas só prova que elas se mantém ainda presentes no meu caminho, que elas se mantém pertinentes no meu esforço diário de lhes ser fiel. Por muito que nos esforcemos por as cumprir com sucesso, há sempre algo que podemos melhorar. No fundo, na nossa natural imperfeição humana estas palavras encontram sempre validade.
Poder-se-ia dizer que seria então frustrante esse esforço, mas na realidade, ao evoluirmos na verdadeira interiorização da mensagem e, consequentemente, nos resultados que ela implica nos outros ao por-mo-la em prática, o testemunho poderá gerar uma onda de reacção naqueles a quem chegamos e tudo (muito mais do que somente nós) estará muito mais perto dessa perfeição aparentemente inalcansável. É um esforço que resulta na santidade de não desistir, esse meio caminho que nos leva à eternidade... à plenitude de VIVer.
"Ó Mestre,
fazei com que eu procure mais consolar,
que ser consolado;
Compreender, que ser compreendido;
Amar, que ser amado;
Pois é dando que se recebe" S. Francisco de Assis
terça-feira, junho 15
Taipas [3ª 4ª]
Já há alguns tempos que tenho ido às Taipas à 3ª 4ª de cada mês.
Começou por ser uma curiosidade (como não sou gato, estava descansado), depois passou a ser um interesse de apreciação musical, mas há já algum tempo que passou para uma necessidade.
Não é que esta necessidade de paragem fosse uma novidade para mim, inclusivamente já o foi semanalmente, mas de facto, os dias vão enchendo a cabeça de uma carga de tensão tal que uma pessoa sente que tem de fazer regularmente uma ligação à terra.
Não deixa de ser um pouco estranho para mim, que sempre... bem, pelo menos durante muito tempo, era o ar que movia tudo cá dentro do 'aquário'... Mas estas coisas também se educam e se moldam... limando pouco a pouco, vão-se interiorizando ao longo do tempo para conseguirmos viver as coisas com maior entrega, com maior profundidade e de uma forma mais esclarecida.
Estaria longe de imaginar, há alguns anos, que me permitisse deixar-me invadir durante tanto tempo pelo silêncio. Não só pelo silêncio individual meditativo, mas acima de tudo, por aquele contagiante e penetrante silêncio comunitário como o das Taipas.
Poderia ali ficar a noite toda, intercalando a música....... o silêncio........ a música. . . . . . o silêncio. . . . . . . a música. . . . . . . . . . .
. . . . . o silêncio. . . . . . . . . . .
+ info >
Começou por ser uma curiosidade (como não sou gato, estava descansado), depois passou a ser um interesse de apreciação musical, mas há já algum tempo que passou para uma necessidade.
Não é que esta necessidade de paragem fosse uma novidade para mim, inclusivamente já o foi semanalmente, mas de facto, os dias vão enchendo a cabeça de uma carga de tensão tal que uma pessoa sente que tem de fazer regularmente uma ligação à terra.
Não deixa de ser um pouco estranho para mim, que sempre... bem, pelo menos durante muito tempo, era o ar que movia tudo cá dentro do 'aquário'... Mas estas coisas também se educam e se moldam... limando pouco a pouco, vão-se interiorizando ao longo do tempo para conseguirmos viver as coisas com maior entrega, com maior profundidade e de uma forma mais esclarecida.
Estaria longe de imaginar, há alguns anos, que me permitisse deixar-me invadir durante tanto tempo pelo silêncio. Não só pelo silêncio individual meditativo, mas acima de tudo, por aquele contagiante e penetrante silêncio comunitário como o das Taipas.
Poderia ali ficar a noite toda, intercalando a música....... o silêncio........ a música. . . . . . o silêncio. . . . . . . a música. . . . . . . . . . .
. . . . . o silêncio. . . . . . . . . . .
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domingo, junho 13
Encontro de Valores
A música é, normalmente, uma via de encontro e de partilha de sensibilidades, vivências e valores comuns.
Pela música, deixamo-nos contagiar por tudo o que ela transmite... desde a melodia, à mensagem, passando pelos instrumentos, arranjos, interpretações, ritmos...
Por Vila do Conde, passou este fim de semana o Ollin Kan, um festival que expressa um eco de apelo a esse valor tão nobre - mas às vezes, com fronteiras tão difíceis de definir - que é a liberdade. E este Festival apela mesmo a essa partilha do comum, desse grito de liberdade, que, independentemente da língua, do credo, da cultura, procura sempre encontrar forma de ecoar para lá das barreiras, procura sempre rasgar as paredes que a tentam enclausurar em si mesma.
Qualquer que seja a origem desse eco, é engraçado como as dinâmicas das músicas, dos estilos se tocam entre si, dando espaço a que interajam nas formas de interpretar, e num abraço cheio de força, cheio de energia, se façam ouvir fundidas umas nas outras. Os grupos que subiram aos palcos neste festival, transmitiram isso mesmo: essa capacidade de abraçarem, num momento musical singular, de sons e ritmos justa-postos mas que encontram na força da mensagem que querem passar a união indissociável que mexe connosco, que não nos deixa na letargia do tempo ou do espaço.
É admirável como nos deixamos dominar por esta energia libertadora e a pulsação se eleva em consonância com o ritmo das sonoridades.
É certo, que mais facilmente nos podemos deixar levar se partilharmos por completo de outros espíritos, vivências, práticas (se não mesmo, rituais) que acompanham por vezes estes valores ... um espírito que nem sempre projecta uma imagem real da mensagem subjacente ... os aromas que sentiam no ar, falam por si (literalmente :), e que trazem, por vezes, uma visão ilusória do todo - desgarrada do caminho, do horizonte ou dos meios... Mas mesmo que mantenhamos "os pés assentes no chão", é impossível ficar indiferente a toda a corrente que a música as palavras geram em nós.
Pessoalmente, e procurando enquadrar toda esta experiência - que eleva particularmente o valor da liberdade - na matriz de valores que me alicerça, há um efeito extremamente terapêutico da VIVência que ela transmite. Há um puxar para cima, para a vontade de ir à 'luta' em cada dia, de fazer brilhar interiormente o escudo de sol que desponta connosco em cada dia. E não importa o cansaço nas pernas e nos olhos pois há algo lá dentro que reencontra o seu vigor.
Pela música, deixamo-nos contagiar por tudo o que ela transmite... desde a melodia, à mensagem, passando pelos instrumentos, arranjos, interpretações, ritmos...
Por Vila do Conde, passou este fim de semana o Ollin Kan, um festival que expressa um eco de apelo a esse valor tão nobre - mas às vezes, com fronteiras tão difíceis de definir - que é a liberdade. E este Festival apela mesmo a essa partilha do comum, desse grito de liberdade, que, independentemente da língua, do credo, da cultura, procura sempre encontrar forma de ecoar para lá das barreiras, procura sempre rasgar as paredes que a tentam enclausurar em si mesma.
Qualquer que seja a origem desse eco, é engraçado como as dinâmicas das músicas, dos estilos se tocam entre si, dando espaço a que interajam nas formas de interpretar, e num abraço cheio de força, cheio de energia, se façam ouvir fundidas umas nas outras. Os grupos que subiram aos palcos neste festival, transmitiram isso mesmo: essa capacidade de abraçarem, num momento musical singular, de sons e ritmos justa-postos mas que encontram na força da mensagem que querem passar a união indissociável que mexe connosco, que não nos deixa na letargia do tempo ou do espaço.
É admirável como nos deixamos dominar por esta energia libertadora e a pulsação se eleva em consonância com o ritmo das sonoridades.
É certo, que mais facilmente nos podemos deixar levar se partilharmos por completo de outros espíritos, vivências, práticas (se não mesmo, rituais) que acompanham por vezes estes valores ... um espírito que nem sempre projecta uma imagem real da mensagem subjacente ... os aromas que sentiam no ar, falam por si (literalmente :), e que trazem, por vezes, uma visão ilusória do todo - desgarrada do caminho, do horizonte ou dos meios... Mas mesmo que mantenhamos "os pés assentes no chão", é impossível ficar indiferente a toda a corrente que a música as palavras geram em nós.
Pessoalmente, e procurando enquadrar toda esta experiência - que eleva particularmente o valor da liberdade - na matriz de valores que me alicerça, há um efeito extremamente terapêutico da VIVência que ela transmite. Há um puxar para cima, para a vontade de ir à 'luta' em cada dia, de fazer brilhar interiormente o escudo de sol que desponta connosco em cada dia. E não importa o cansaço nas pernas e nos olhos pois há algo lá dentro que reencontra o seu vigor.
video & photos: emlino 2010
quinta-feira, março 25
segunda-feira, março 8
8...
A women in your soul
Creates the man you hold
Creates the man you hold
'And when the night comes' - Jon and Vangelis, album 'Private Collection'
quarta-feira, dezembro 23
Natal 2009
O Natal propicia-se a ser uma época em que sentimos mais a vida... - aquela que possuímos desde o nosso início, e que nos faz respirar, aquela que faz desenvolver em nós os mais variados sentimentos, aquela que nos lembra o que ficou para trás e que acende os arquivos dourados da memória e aquela que nos projecta para os sonhos que faltam ainda realizar. É a vida, ela toda, a pulsar, a fervilhar, a fazer vibrar todos os nossos sentidos neste tempo.
Nesses sentidos, o Natal desperta-me sempre em cada um deles, aspectos muito próprios, muito específicos sem os quais o Natal não é certamente o mesmo. As luzes, os doces, os aromas, as músicas, as tarefas,... tudo tem o seu lugar e não pode ser dispensado. Como posso não sentir a azáfama das compras das pessoas que saltam de loja em loja sob um céu colorido de sinos, renas, estrelas, que se acendem e piscam iluminado ainda mais as ruas? Como posso perder a dedicação e o exercício de criatividade em construir, ao som dos velhinhos LP's de músicas de NAtal, um presépio diferente, e sentir o cheiro do musgo ou das lâmpadas já escurecidas pelo tempo? Como posso escapar a amassar e bater as filhós sentindo na pele o azeite a ferver misturar-se com a farinha e os ovos? Como posso não me sentar a escrever mensagens de Natal ao som do 'Christmas in Killarney' ou 'Frosty, the snowman' rodeado de azuis, prateados, folhas de azevinho,... entre mãos? Talvez dispense passar uma tarde a procurar onde estão escondidos os presentes para a manhã de 25 mas serei capaz de passar por cima de uma dedicada escolha de presentes para oferecer?...
Certamente que isso, se assim, fosse, nós seria o Natal, pelo menos, aquele que eu, desde que me cortaram o cordão umbilical, fui construindo e que posso partilhar. Não posso cortar com este cordão que se foi formando porque só se nasce uma vez... O que importa, é que se dá sentido ao nosso nascimento para que ele perdure... Afinal não é isso que celebramos? Um nascimento que permanece VIVo?...
Feliz Natal!Nesses sentidos, o Natal desperta-me sempre em cada um deles, aspectos muito próprios, muito específicos sem os quais o Natal não é certamente o mesmo. As luzes, os doces, os aromas, as músicas, as tarefas,... tudo tem o seu lugar e não pode ser dispensado. Como posso não sentir a azáfama das compras das pessoas que saltam de loja em loja sob um céu colorido de sinos, renas, estrelas, que se acendem e piscam iluminado ainda mais as ruas? Como posso perder a dedicação e o exercício de criatividade em construir, ao som dos velhinhos LP's de músicas de NAtal, um presépio diferente, e sentir o cheiro do musgo ou das lâmpadas já escurecidas pelo tempo? Como posso escapar a amassar e bater as filhós sentindo na pele o azeite a ferver misturar-se com a farinha e os ovos? Como posso não me sentar a escrever mensagens de Natal ao som do 'Christmas in Killarney' ou 'Frosty, the snowman' rodeado de azuis, prateados, folhas de azevinho,... entre mãos? Talvez dispense passar uma tarde a procurar onde estão escondidos os presentes para a manhã de 25 mas serei capaz de passar por cima de uma dedicada escolha de presentes para oferecer?...
Certamente que isso, se assim, fosse, nós seria o Natal, pelo menos, aquele que eu, desde que me cortaram o cordão umbilical, fui construindo e que posso partilhar. Não posso cortar com este cordão que se foi formando porque só se nasce uma vez... O que importa, é que se dá sentido ao nosso nascimento para que ele perdure... Afinal não é isso que celebramos? Um nascimento que permanece VIVo?...
photo: Jocelin
terça-feira, setembro 29
quarta-feira, setembro 2
domingo, agosto 9
Thank you for the music
Outro dia ia a pedalar, não tanto num ritmo de passeio, mas não penso que o ritmo condicione o tipo de musica que se ouve. Sim, felizmente, a música fazia-me companhia como quase sempre, pelo menos desde que seja possível... ou de outra forma... a menos que seja de todo impossível. E mesmo num ritmo mais esforçada, não era tanto ele - o ritmo - que me impedia de ir a cantar pelo caminho (coisa que segue a mesma regra da oportunidade de ter a música sempre presente) mas sobretudo as cenas que uma pessoa corre o risco de ir a fazer... Não sei muito bem de onde isto me vem... se desde que nasci, ouvir a minha mãe a cantar pela casa frequentemente, se viver há anos 'agarrado' à RFM, ou arranhar eu próprio, ao longo das oportunidades que fui tendo, ... ou outra coisa qualquer, o que é facto é que a música tem um papel tão activo na minha vida, que, continuamente, activa esse bichinho de me manter agarrado a ela de todas as formas possíveis e imaginárias. Gostava que, sob algumas formas, essa ligação fosse mais forte e ela tivesse um espaço maior... que fosse além do campo sensorial do ouvir ou do sentir... mas não houve ainda uma oportunidade... Talvez nunca venha mesmo a haver, até porque há coisas que não são fáceis (e não têm piada nenhuma) de se fazer sozinhos. Mas em todo este contexto, aquela música, quase compassada com a cadência a pedaleira, era como que um hino a esta ligação musical que nasce connosco e dá ritmo ao VIVer. Acho que a Amanda Seyfried, também está muito bem na partilha destas palavras...
sábado, agosto 8
O Homem do Emblema
"_Eu roubo assim, às pessoas mais modestas...
_Às pessoas mais modestas??! Ora essa, porquê??
_Os ricos chateiam-se..."
"_O Futebol Clube do Porto é único clube português exclusivo...
_Exclusivo?...
_Exclusivo, sim senhora...
_Porquê?
_Porque se pratica aqui: desporto e em lisboa o Benfica não pratica desbenfica... pratica: desporto... 'atãom'?! Biba ó Porto"
Mas ainda há mais... nós aqui no Porto temos o exclusivo da aviação... vocês têm lá em Lisboa, na Portela um apeadeiro aéreo... e é aeroporto e nós cá nas pedras Rubras não temos nenhum 'Aerolisboa'... 'atãom'?!"
Raul Solnado, 1929-2009
_Às pessoas mais modestas??! Ora essa, porquê??
_Os ricos chateiam-se..."
"_O Futebol Clube do Porto é único clube português exclusivo...
_Exclusivo?...
_Exclusivo, sim senhora...
_Porquê?
_Porque se pratica aqui: desporto e em lisboa o Benfica não pratica desbenfica... pratica: desporto... 'atãom'?! Biba ó Porto"
Mas ainda há mais... nós aqui no Porto temos o exclusivo da aviação... vocês têm lá em Lisboa, na Portela um apeadeiro aéreo... e é aeroporto e nós cá nas pedras Rubras não temos nenhum 'Aerolisboa'... 'atãom'?!"
Raul Solnado, 1929-2009